Patologias do Controlo dos Impulsos

Consideram-se impulsos comportamentos que ocorrem com a finalidade de diminuir a tensão criada por um desejo. De facto, as pessoas com estas patologias manifestam uma incapacidade para se opor ao impulso ou tentação de levar a cabo a acção, que é, normalmente prejudicial para si mesmo ou para os outros. Pode acontecer que em certas ocasiões possam resistir ao impulso e noutras pareça que este comportamento não é realmente impulsivo, já que há um planeamento prévio da acção.

É frequente que antes do inicio da acção haja um aumento da tensão e que durante o acto sintam prazer, gratificação ou libertação.

Normalmente esta acção é egossíntonica no sentido em que está em concordância com os desejos inconscientes imediatos da pessoa.

Após a realização do acto pode, ainda, acontecer que as pessoas manifestem sentimentos de arrependimento ou culpa.

Crê-se que estas perturbações no controlo dos impulsos têm em comum a tentativa de lidar com experiências negativas ou afectos dolorosos por meio da actuação agressiva sobre o ambiente ou sobre si próprios, assim como uma tentativa de controlo da ansiedade, da culpa ou depressão por meio da acção, estando muito ligadas ao alivio de um mal-estar.

Encontram-se ligações com factores psicossociais, já que acontecimentos vitais e factores parentais (violência em casa, abuso de álcool, promiscuidade e tendências anti-sociais) parecem estar presentes na maioria dos casos.

 

Perturbação Explosiva Intermitente

Esta perturbação caracteriza-se por episódios isolados de perda de controlo dos impulsos com agressividade (história de maus tratos a familiares, adicções, comportamento sexual impulsivo e múltiplas violações das normas sociais).

O grau de agressividade expressado é claramente disproporcional à causa desencadeante do episódio.

A crise de agressividade pode aparecer em questão de minutos e posteriormente desaparecer rápida e expontâneamente dando, por vezes, lugar a arrependimentos e pedidos de desculpa. Entre estes períodos de agressividade desmesurada, a pessoa apresenta um comportamento social adequado e normal.

 

Cleptomania

A caracteristica essencial da cleptomania consiste numa necessidade ou impulso irresistivel, recorrente e intrusivo de roubar objectos de que não se precisa, independentemente do seu valor ou da capacidade financeira da pessoa para o adquirir convenientemente. De facto, por vezes o fruto destes actos pode ser oferecido, devolvidos anonimamente ou até escondido.

Encontramos um aumento da tensão antes da realização do acto, seguido de gratificação e diminuição da tensão, com (ou não) sentimento de culpa.

É frequentemente que as pessoas que realizem actos desta natureza apresentem dificuldades interpessoais e alterações da personalidade.

 

Piromania

Define-se como o comportamento repetido de planear e provocar incêndios sem motivação e como resposta a um impulso incontrolável.

Antes de provocar o incêndio, o pirómano está excitado emocionalmente e sente-se depois fascinado e atraído pelas chamas. São pessoas que demonstram interesse em tudo o que está relacionado com o fogo e com as actividades e equipas de bombeiros. Sentem prazer, gratificação ou alivio quando provocam incêndios e também quando os observam ou de alguma maneira participam na sua extinção, incluindo naqueles que não provocaram.

Para além de provocarem fogos, dão com frequência falsos alarmes, sendo atraídos por todo o aparato daí decorrente. A curiosidade neste sentido é muito clara, são indiferentes aos danos que provocam, sejam propriedades ou vidas e carecem de arrependimento.

 

Tricotilomania

Consiste no acto de arrancar o próprio cabelo de forma recorrente, de modo a que esta falta seja rapidamente perceptivel, sem aparente dor, ainda que a pele se possa mostrar irritada.

Este acto é precedido por uma tensão crescente e acompanhado de uma sensação de gratificação, bem-estar ou alívio.

É natural que esta alteração provoque mal-estar clinicamente significativo e deterioração social, laboral ou de outras áreas importantes na vida da pessoa.

As perdas, medos, sentimentos depressivos ou alterações parentais parecem factores significativos no desencadear destes comportamentos.