Perturbações do Comportamento Alimentar

As perturbações do comportamento alimentar caracterizam-se por uma alteração na ingestão alimentar que desencadeia alterações a nível fisico ou funcionamento psicossocial.

Podem-se tratar de perturbações a nível da quantidade ingerida (bulimia, binge-eating, potomania, anorexia, recusa alimentar) ou na qualidade dos ingredientes ingeridos (pica/alotriofagia ou ruminação).


RECUSA ALIMENTAR

É um sintoma que se pode encontrar em vários quadros clínicos e em todas as idades. Convém ter em conta o contexto do sintoma, ainda que o seu reconhecimento possa não ser fácil. Por exemplo, individuos com ideação paranóide podem recusar comer por recearem ser envenenados.

A recusa alimentar não tem uma intervenção terapêutica especifica, já que, estando associada a outras perturbações, são estas, normalmente o alvo das intervenções.

No caso de quadros fóbicos ou obsessivos, nos quais as pessoas  se recusam a comer determinados alimentos, pode-se proceder a ums intervenção cognitivo-comportamental , o que pode proporcionar um alivio do sintoma.


ANOREXIA NERVOSA

Tal como na recusa alimentar, também a anorexia pode fazer parte de uma sintomatologia associada a outras patologias (depressão, quadros delirantes, patologias psicossomáticas, ...), sendo que neste caso se considera tratar de uma anorexia secundária.

Quando isto não acontece estamos perante uma Anorexia Nervosa.

Sendo esta, uma patologia principalmente feminina, surge normalmente em jovens entre os 10 e os 30 anos de idade, com uma tendência para um aumento do número de casos ao longo dos anos.

Está associada, não simplesmente ao acto de não comer, mas ao desejo irresistivel de magreza e consequente resistência em comer ou reter o que se come. Este aspecto dará lugar a que, a certa altura se desenvolva um quadro complexo no qual se destacam as extravagantes autolimitações dietéticas, alterações de comportamento destinadas a reforçar o comportamento de evitação da comida, percepção distorcida da imagem corporal, inetnso medo de engordar que não diminui, apesar da progressiva magreza, e diferentes alterações psicopatológicas e físicas que aparecem em consequência da crescente desnutrição (p. ex: amenorreia, com ausência de, pelo menos 3 ciclos menstruais consecutivos).


Consideram-se 2 tipos de comportamentos anoréticos:

1) Restritivo - as pacientes apresentam recusa alimentar, com desejo de comer isoladamente dos outros, uma lentidão extrema em fazê-lo e com oculatção da comida, mostrando simultaneamente falta de apetite. Do ponto de vista da personalidade estas pacientes apresentam traços como hiperresposabilidade, rigidez, dependência e sentimento de ineficácia.

2) Anorexia com comportamentos bulimicos - Neste caso, as pacientes alternam comportamentos retritivos com excessos de ingestão de alimentos que terminam frequentemente com vómitos auto-induzidos. Aqui encontram-se mais frequentemente história familiar de obesidade, frequente excesso de peso pré-morbido, descontrolo impulsivo e frequentes alterações de humor.


Um traço importante ao olharmos para a anorexia nervosa é a alteração da imagem corporal, na qual a paciente não consegue ter a percepção real do seu corpo, percepcionando-o como maior e mais pesado do que é, considerando-se sempre mais gorda do que o que julga ideal, e que é sempre um +peso menor que aquele que ela apresenta.

Do ponto de vista afectivo, nos quadros iniciais da anorexia nervosa, predomina um quadro ansioso, no qual a paciente é facilmente irritável, e que, progressivamente dá lugar a um quadro mais depressivo. Assiste-se, simultaneamente, a uma hiperactividade, insónia terminal, pensamentos obsessivos, isolamento social e progressiva perda do desejo sexual.


POTOMANIA

É a ingestão muito excessiva de liquidos, normealmente água. Encontra-se com pouca frequência e está associada a estruturas histéricas.


BULIMIA NERVOSA

É um quadro clinico que se centra na presença de:

1) Desejos incontroláveis de comer em excesso, com a consequente ingestão de grandes quantidades de alimentos (normalmente muito calóricos) num determinado período de tempo relativamente curto, e sensação de perda de controlo sobre o que se come. Esta sensação de perda de controlo, de não conseguir parar de comer ou não poder controlar o tipo ou quantidade de comida é vivido por muitas pacientes de forma muito negativa e contribui para o desenvolvimento de uma baixa auto-estima e isolamento social.

2) Evitamento das consequências destes excessos calóricos através da auto indução do vómito ou utilização de diuréticos e/ou laxantes.

3) Medo mórbido de engordar.

Este é um quadro que deve estar presente pelo menos 2 vezes por semana durante, pelo menos, 3 meses e não se enquadra num quadro de anorexia nervosa.


A bulimia nervosa aparece normalmente no finall da adolescência ou inicio da idade adulta, ainda que cada vez mais possa aparecer numa idade mais precoce.

Considerando os factores desencadeantes, há que ter em conta o facto de que o inicio de uma dieta como consequência de um excesso de peso vivido de um modo insatisfatório pode ser um factor importante. Este excesso de peso pode ser determinado pela constituição fisica, adquirido durante a puberdade ou o resultado de situações psicológicas adverss que levaram a um aumento da ingestão, mais ou menos compulsivamente. Entre estas situações que podem dar lugar a este tipo de aumento de cinsumo alimentar, destacam-se as experiências de perda e rejeição a nível sentimental, familiar, laboral ou académico.

A persistência e gravidade destes factores contribuem para a manutenção da bulimia nervosa. A tendência à restrição dietética, principal desencadeante do quadro, manter-se-á enquanto a preocupação mórbida pelo peso não se alterar, daí a necessidade de intervenção terapêutica.


BINGE-EATING

Consiste em comer compulsivamente num curto periodo de tempo uma siginificativa quantidade de comida, bastante superior àquela que a maioria das pessoas em iguais circunstâncias comeria, acompanhada da senssação de perda de controo sobre o que se está a comer e de como parar. Este consumo excessivo pode ser acompanhado por:

- Comer mais rapidamente do que o habitual,

- Comer até se sentir desconfortavelmente cheio,

- Comer grandes quantidades de comida quando não se sente fome,

- Comer sozinho por causa do embaraço sentido ao comer grandes quantidades,

- Sentir-se mal consigo próprio, desconfortável e culpado.

Este quadro difere de uma bulimia nervosa já que não tem presentes comportamentos de purgação/vómito induzido nem está normalmente inserido num contexto de intenção de fazer dietas. 


PICA OU ALOTRIOFAGIA

Perturbação centrada na ingestão de substâncias não nutrivas, que não são alimentos. Pode spresentar-se em contextos psicóticos, atrasos mentaise sindromes demenciais.


RUMINAÇÃO

Perturbação de baixa prevalência que afecta bebés ente os 3 e os 12 meses e que se define pela regurgitação repetida da comida, com perda de peso ou incapacidade em atingir o peso esperado. Este preocesso pode atribuir-se a ujma relação materno-infantil muito perturbada.